terça-feira, 3 de janeiro de 2017

NATAL SEM FLUOXETINA

Eu já escrevi num post anterior que tomo antidepressivos. Eu alterno entre três, um dia acaba um, noutro dia eu esqueço outro... O meu primeiro médico, na fracassada tentativa de ser engraçadinho, me perguntou se realmente precisava de tudo aquilo. E acabou tomando um pé na bunda. Cuidado com o que você fala, especialmente se for dito para uma paciente que toma fluoxetina. Neste Natal descobri que os outros dois antidepressivos podem até faltar, mas ela não. Inclusive eu tenho descoberto sua real função: algo entre um efeito filtro ou antissinceridade. Para não responder em particular para cada imbecil que não mede suas palavras, farei uma resposta geral aqui. Na verdade, eu já cheguei a responder em particular para alguns, mas foda-se, estou sem a medicação principal. Um amigo chato, por exemplo, me adicionou e adicionou outro chato numa conversa de messenger de facebook. É amigo, né?.... a gente aguenta. Sem abrir a mensagem eu vi que tinha uma porra de um link com uma foto, Instituto Lula. Porra, a mensagem não tem fundamento, não tem embasamento, não tem contexto, não tem nude masculino e não é uma piada, não manda. Como eu não interagi no grupo, nem li as mensagens posteriores, ele me deletou. Não satisfeito, porque chato é assim, você ignora e eles insistem, me enviou o mesmo link por mensagem particular. Eu não abri, de novo. Num belo dia senti falta da fluoxetina e resolvi responder para o chato: mandei tomar no olho do cu e outras coisas piores.

Qual o problema com essas pessoas que te mandam mensagens “nada a ver” pelo whatsapp e facebook? Postar na sua própria página um comentário idiota sobre política ou sobre a cura do câncer, tudo bem, porque eu dou unfollow... Aliás, eu quase já não follow mais anybody no meu facebook... Mas mensagem é um saco, é até uma falta de respeito. Você começa ignorando o remetente, para não ser mal educada. Daí ele, não satisfeito, manda mais. Aí você tem que bloquear o sujeito, o que também não é um método legal.

O que se passa na mente vazia dessas pessoas? Será que é falta do que fazer? Carência? Uma obsessão incontrolável em compartilhar lixo? Lixo internáutico também é lixo. E eu inventei isso agora.

O mesmo serve para mensagens com links sobre a cura do câncer. Vejam o que fazer com elas (calma, se fosse em papel eu sugeriria enrolar e enfiar naquele orifício chamado cu, mas como não é...):

1. Abra o link para ver se o link existe- link não existe, me esquece;

2. Link existe - verifique a fonte, veja se há embasamento teórico, evidências empíricas, se o material é verdadeiro, se não é sobre uma planta tóxica ou venenosa, que eu não vou experimentar. Verifique se não é sobre um chá milagroso, porque eu também não vou testar. Não encontrou evidências, me esquece. Não me manda verificar a fonte com aquela famosa frase, "não custa nada..." Porque custa sim, no mínimo custa o meu tempo, que é estatisticamente mais curto que o seu e a minha paciência, que também está curta. Verifica você, cara pálida;

3. Encontrou evidências, embasamento teórico e científico e um artigo na Nature, daí pode me enviar; se não, me esquece.

Não, você não está fazendo o bem me mandando merda por whatsapp, você está somente contribuindo para a proliferarão do lixo na internet e no planeta. Não, você não vai para o céu me mandando spam sobre a cura do câncer. O inferno está cheio de boas intenções.

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