Entre outubro de 2014 e abril de 2015 fiz várias
tomografias, PET-scan e ressonâncias. O PET-scan não deu nada e nas imagens a
massa tumoral não crescia significativamente. Até que num exame de abril de
2015 apareceram nódulos no fígado. Só aí eu realizei que estava doente.
Fiz a biópsia do fígado e deu adenocarcinoma. Eu entendi que no meu caso,
ainda meio jovem, eu aguentaria uma quimioterapia fortíssima que existe para
câncer de pâncreas com metástase – Folfirinox o nome.
Coloquei o cateter e começou a novela com o plano de saúde e
a quimioterapia.
Como todo paciente com câncer deve ficar antes de o tratamento
começar, fiquei ansiosa. Por poucos dias, mas esses dias foram horríveis para
mim. Aí, quando você mais precisa do apoio do seu médico pra te dar uma notícia
sobre a aprovação do tratamento pelo plano de saúde, nem que seja, “não tenho
resposta, vamos aguardar mais 3 dias”, ele simplesmente não atende mais aos
seus telefonemas e não responde às mensagens. Foi quando tomei uma decisão,
trocar de médico. Quase enlouqueci minha mãe, não sei direito o motivo, mas às
vezes essas coisas são irracionais mesmo. Mas eu estava decidida, ia começar o
tratamento com ele e, logo que pudesse, mudaria de médico. Foi então que
conheci minha médica, por indicação de um amigo, que trata de mim até hoje.
Gosto muito dela.
Como todos os outros médicos que consultei nessa época, ela
também achou que meu câncer não estava muito agressivo, para um adenocarcinoma.
Cheguei a fazer mais um exame que detecta tumor neuroendócrino, mas deu
negativo. Ela ainda achou que fosse um falso negativo.
O plano de saúde não dava uma resposta, nem positiva nem
negativa. Tudo bem que eles têm 21 dias para responder, mas não precisavam abusar
desse prazo se eles já sabem a resposta. Eu tinha decidido até entrar na
justiça por abuso de direito do plano, mas até pra isso eu precisava do médico
e o FDP tinha sumido. O plano dizia que o tratamento estava autorizado, mas um
dos remédios da quimioterapia não era liberado pela Anvisa. Foi quando eu
liguei para a ANS para saber se o plano podia recusar um dos remédios da
quimioterapia e eles disseram que não, que eles autorizam o tratamento e que
todos os tratamentos de câncer devem ser aprovados pelo Plano de Saúde. Não
existe isso de autorizar tratamento e não pagar um dos remédios. Os planos
jogam verde para ver se a pessoa desiste. Nesses momentos a pessoa está
desesperada e resolve até pagar por tratamentos caríssimos. Dei o nome do Plano
para a ANS e eles disseram que fariam uma advertência. No mesmo dia o fantasma
do meu médico me ligou, dizendo que tudo estava resolvido, por mérito dele.
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