sábado, 27 de agosto de 2016

Um pouco de ficção.... Fantasias de Hospital

E ele entrou no quarto, veio cheio de sorrisos, pegou em sua mão e pediu para apalpar seu abdômen e deixou a mão ali por alguns eternos segundos... Olhava-a com aquele jeito meio de lado, aquele olhar 43, típico do mais intenso dos românticos, e:


- Vi seus exames junto com minha equipe ... de certa forma, era o que esperávamos... operar...
E ele continuou...
- Você vai operar um tumor na cabeça do pâncreas...Ela o via, completamente apaixonado, como se estivesse recebendo uma bela declaração de amor...

Todas as vezes que o encontrei ele me olhava com aquele olhar doce, a cabeça levemente de lado e aquela voz macia.... Nem gosto de imaginar o que mais seria macio naquele ser do Olimpo. Lógico que ele me via de cima para baixo, e só de cima para baixo, já que eu estava deitada naquela cama de hospital, de camisolinha altamente "sexy" e, ainda por cima, com os olhos que mais pareciam a bandeira do Brasil, por conta da ictericia...Me lembro com detalhes de todas os nossos poucos e significativos momentos... Quer dizer, quase todos, graças a Deus, porque ele éassistente do cirurgião e no nosso segundo encontro ele me fez um corte que foi da boca do estômago até o baixo abdômen e conheceu o meu mais profundo eu interior, minhas entranhas.... Eu não gostaria nem um pouco de ter sido acordada em meio desse radical procedimento... Pois bem...

No primeiro dia, ele chegou e eu... estava dormindo.... depois de meses sem dormir, por uma forte coceira por causa da ictericia... Fui internada às pressas, me deram tudo que eu podia, desmaiei naquela cama e acordei achando que havia morrido e me encontrava no paraíso. Me encontrou tão desarmada, que arruinou meu coração, perguntei seu nome cinco vezes e não consegui, sequer, gravar o primeiro....

No segundo dia, eu achei que fosse encontrá-lo antes da minha operação.... tola eu sempre fui.... sabe de nada, inocente... Me encontrou mais uma vez em estado catatônico, mas desta vez fui eu que não acordei e ele conheceu o mais profundo do meu eu...

No terceiro dia, ele chegou e eu não esperava nada. Desta vez estava só e, para variar, estava dormindo... Me pediu que levantasse a camisola, permissão para apalpar minha barriga, me perguntou se eu já havia evacuado e se estava soltando gases..... Me encontrou tão sonolenta, que antes que eu dissesse sim, suas mãos já me apalpavam, e seu nome... eu não tinha a menor ideia...

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